ATA DA QÜINQUAGÉSIMA SEGUNDA SESSÃO ORDINÁRIA DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA LEGISLATURA, EM 01.06.1989.
Ao primeiro
dia do mês de junho do ano de mil novecentos e oitenta e nove reuniu-se, na
Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre,
em sua Qüinquagésima Segunda Sessão Ordinária da Primeira Sessão Legislativa
Ordinária da Décima Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos, constatada
a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e
determinou que fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata da Qüinquagésima
Primeira Sessão Ordinária, que deixou de ser votada em face da inexistência de
“quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pela Verª Letícia Arruda, 03
Pedidos de Providências; pelo Ver. Valdir Fraga, 03 Pedidos de Providências. Do
EXPEDIENTE constaram: Ofícios nºs 01/89, da Comissão Especial constituída para
examinar o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 03/89; 444; 445;
446/89, do Sr. Prefeito Municipal; 95/89, do Sport Club Internacional; 158/89,
da CEEE. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Flávio Koutzii teceu comentários acerca da
matéria que suscitou a vinda do Sr. Prefeito Municipal a esta Casa, ontem,
referindo-se a Projeto de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, que propõe seja este
Legislativo investido na posição de árbitro na questão do transporte coletivo
da Capital. Fez uma análise do referido Projeto, relacionando os motivos pelos
quais é contrário ao mesmo, solicitando aos Vereadores da Casa que reflitam sobre
sua aprovação e resultados. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Wilson Santos leu a
Ordem de Serviço nº 23/89, do Executivo Municipal, que trata da proibição de
reunião de funcionários, dos diversos órgãos da Prefeitura, em horário de
expediente, para tratar de assuntos que não sejam de serviço, sem a devida
autorização do Chefe do Executivo, dizendo que a mesma visa a desestabilização
do movimento dos Técnicos Científicos da PMPA, impedindo-os de reunirem-se para
analisar o não pagamento de gratificação recentemente aprovada por esta Casa. O
Ver. Clóvis Brum criticou a Ordem de Serviço nº 23/89, do Executivo, afirmando
que ela representa um retrocesso em relação aos funcionários municipais e que
cerceia o direito de manifestação dos mesmos, sendo uma medida que não faz jus
aos princípios do Partido dos Trabalhadores. O Ver. Artur Zanella referiu-se à
Portaria, expedida pelo Executivo Municipal, através da qual a realização de
movimentos populares, tais como procissões, passeatas e gincanas, estaria
condicionada a uma comunicação prévia de quinze dias, à Prefeitura. Analisou
declarações do Sr. Prefeito, feitas ontem na Casa, dizendo-se favorável ao
Projeto de autoria do Ver. Isaac Ainhorn, referente à competência do
Legislativo no trato de matéria relacionada com o transporte coletivo. Referiu
contratações, pelo Executivo, através de empresa privada, de funcionários para
atuarem na Empresa SOPAL. O Ver. João Dib criticou o Prefeito Municipal,
dizendo que a licença concedida ao mesmo, a fim de realizar viagem ao Chile,
teve um entendimento de representação da Cidade, e não do Presidente do Partido
dos Trabalhadores, o que teria ocorrido. Comentou a Ordem de Serviço nº 23/89,
do Executivo Municipal, declarando-se contrário ao nela contido, bem como teceu
críticas ao processo de intervenção no transporte coletivo. Em COMUNICAÇÕES, o
Ver. Isaac Ainhorn, falando a respeito do Projeto de sua autoria, esclareceu
que o objetivo do mesmo é o de estabelecer um freio à ação ilimitada do
Executivo, num sentido jurídico mais amplo, quanto à questão do transporte
coletivo da Capital, do que o específico da intervenção naquele sistema. Disse
de sua concepção de “Cidade”, dos problemas que a afligem, e que seu Projeto
foi concebido de conformidade com aquele entendimento. Leu parecer da Auditoria
da Casa, quanto à constitucionalidade de seu Projeto, declarando que esse
atende o preenchimento de lacuna existente na legislação pertinente ao
transporte coletivo. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Nelson Castan falou da
experiência adquirida quando responsável pela Cia Carris, criticando o
Executivo Municipal quanto a maneira como vem sendo conduzida a intervenção no
transporte coletivo da Cidade. Falou de Emenda, de sua autoria, ao Projeto do
Ver. Isaac Ainhorn, referente à matéria, dispondo-se a retirá-la, se
necessário. Em COMUNICAÇÕES, o Ver. Elói Guimarães disse que o discurso do
Partido dos Trabalhadores não se reflete na prática demonstrada até agora, à
frente da Administração Municipal, criticando a Ordem de Serviço nº 23/89. Analisou
a vinculação que entende existir entre o Partido dos Trabalhadores e o
Sindicato dos Funcionários Municipais, o que descaracteriza, a seu ver, a
função precípua desse último, que é a de postular em favor dos funcionários
perante a Administração Municipal. Comentou, ainda, Portaria do Executivo que
condiciona a realização de movimentos populares a uma prévia comunicação à
Prefeitura. O Ver. Artur Zanella fez referência à vinculação que entende
existir entre o Sindicato dos Funcionários Municipais e o Partido dos
Trabalhadores, ora à frente do Executivo Municipal. Discorreu sobre respostas
do Sr. Prefeito, em relação à intervenção do Executivo no transporte coletivo
da Cidade, quando da vinda de S. Exª, ontem, a esta Casa, analisando-as. Teceu
comentários a respeito do aspecto tarifário do transporte coletivo, à época em
que era Titular da Secretaria Municipal de Transportes. O Ver. Cyro Martini
disse do interesse e das iniciativas de seu Partido, o PDT, em relação à
educação da criança e quanto à situação do idoso carente. Falou da necessidade
de projetos para esses últimos, que busquem uma solução, em termos de recursos,
e que visem não só sua própria manutenção, mas também a de seus dependentes.
Leu Indicação, de sua autoria, com a finalidade de chamar a atenção do Governo
Federal, através da qual e sugerida a extensão do programa de distribuição
gratuita de leite ao idoso necessitado. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Ver. Flávio
Koutzii informou que a Bancada do PT, na Casa, não mais irá assegurar o
“quorum” nas Sessões em que Vereadores de outros Partidos, após seus
pronunciamentos, se retirem de Plenário. Esclareceu que os representantes de
seu Partido neste Legislativo, não acolhem a portaria ou proposta da Secretaria
Municipal de Transportes, a respeito de regulamentação quanto à realização de
procissões, gincanas e passeatas, justificando essa posição e dizendo que
manterá contato com aquele Órgão, visando a retificação daquele instrumento. Em
relação à Ordem de Serviço nº 23/89, expedida pelo Executivo Municipal, disse
não defender seu texto, e, isto sim, a intenção implícita na mesma, que é a de
normatizar a forma de reivindicação dos Técnicos-Científicos do Município. Nada
mais havendo a tratar, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezesseis
horas e quatro minutos, convidando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene
a ser realizada às dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelos
Vereadores Valdir Fraga, Lauro Hagemann, Wilton Araújo e Adroaldo Correa, e
secretariados pelo Vereador Adroaldo Correa. Do que eu, Adroaldo Correa, 3º
Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada,
será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Valdir
Fraga): Passamos
ao período de
Com a palavra, o Ver. Flávio Koutzii.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o que gostaríamos de colocar, hoje, desta tribuna tem muito a ver
com o debate que ocupou toda a tarde de ontem, com os Vereadores e com o pleno
funcionamento da Sessão, e tomar como referência pelo menos tal como nós
entendemos, ao desenvolvimento das perguntas e respostas e o que nos parece que
ficou do conjunto do depoimento do Sr. Prefeito dessa Cidade, e contrapô-lo a
um tema que já vem merecendo certo espaço na imprensa e na atenção dos
Vereadores, que é o Projeto do Ver. Isaac Ainhorn, que propõe que daqui para a
frente a Câmara arbitre em última instância a pertinência ou não de uma
intervenção numa empresa de ônibus, agregada da sugestiva Emenda do Ver. Castan
que propõe que, na verdade, ela seja retroativa. Sugestiva, mas não
surpreendente porque o Ver. Castan - escuso de falar na sua ausência, mas ele
tem estado bastante ausente - tem sido um paladino na questão dos transportes,
sempre com intervenções que acabam defendendo o status quo, a situação
atual dos transportes, em nome de um argumento esgrimido por muitos Vereadores
desta Casa e justo, porque é justo, que é a preocupação com a qualidade dos
serviços, sugere que haja uma solução de cessar a intervenção, o que no nosso
entendimento - e acho que isso ficou claro ontem, não em termos morais, mas em
termos de esforço político - seria para nós capitular nesse esforço agudo que
estamos fazendo de penetrar na malha complexa dos interesses que movem-se e
cercam a questão do transporte coletivo, e através dessa presença pouco a
pouco, normatizá-lo e normalizá-lo da melhor maneira possível.
O que nos parece que é uma evidência que essa Casa não poderá
contornar, é que o debate, ora em tramitação do Ver. Isaac Ainhorn, passa
necessariamente por duas leituras; uma, diria, no terreno estritamente jurídico
e constitucional e outra em nível da interpretação política. No primeiro
terreno o impedimento nosso, e os setores especializados que foram consultados,
a Procuradoria do Município, é que o poder de fiscalização encontra seu grau
máximo de exercício no direito de intervir, dito mais diretamente que a
opinião, ou melhor, a constatação de um número muito elevado de anormalidades
no funcionamento de uma empresa determinada, quando do exercício do ato de
fiscalizar pode chegar até o grau máximo, que é a intervenção, para censurar e
modificar este funcionamento. Portanto, no terreno legal, nós opinamos, e já
sabemos que existem pareceres diferentes, que isto avança sobre um direito
constitucional, consagrado como um direito do Poder Executivo desta Cidade.
E creio que o Prefeito já adiantou nossa posição no sentido de, se
desgraçadamente este Projeto for aprovado nesta Casa, nós argüiremos sua
inconstitucionalidade.
O segundo aspecto, que na verdade é o mais próprio, é que nós
entendemos e há uma consciência nisto, o Ver. Clóvis Brum quando sugeriu a
presença do Prefeito nesta Casa para depor em relação ao tema dos transportes
não podia prever, porque íamos ajustando a data, que ela ia coincidir com o
momento que este debate se materializa para nós, e muito provavelmente
votaremos esta questão na semana que vem.
Então, muito mais que o breve tempo que o Vereador dispõe, nesta Casa,
o quadro de ontem, mesmo que ele seja contestável aqui e acolá, na opinião de
algum Vereador, ele mostrou uma coisa muito forte e tratei de sublinhar isto na
minha intervenção de ontem, fazendo uma introdução a uma pergunta que colocava
ao Prefeito. Ficou claro, para os que gostam e para os que não gostam, que foi
preciso, e ainda é necessário, um grande mergulho dentro da realidade concreta
das empresas sobre as quais pesa hoje a intervenção, para pouco a pouco fazer
aflorar com clareza um conjunto de dados. Quer dizer, hoje nós podemos
alinhavar uma série de distorções do sistema sem ser apenas um discurso de
adjetivos, um discurso de qualificações, mas que carece, eventualmente, dos
argumentos e dos fatos que sustentam as opiniões. Eu acho que já estamos
reiteradamente informados do grau de distorções que tem apresentado a gestão
destas empresas, o não reinvestimento, a colocação dos recursos ganhos em novas
empresas com sentido social diferente do original, o problema das tarifas, o
problema do caixa 2, os problemas do mau atendimento, os problemas da perda
gradual de ingerência do Município através da questão do vale-transporte e a
perda de substância material e concreta da Secretaria de Transportes do
Município. Então, eu acho que é para nós extremamente nítido que quando esta
Casa tiver que votar, ela, entre outras coisas, terá uma questão muito evidente
frente a si. Uma, que ela não terá as condições que tem a Prefeitura para fazer
um exame, um mergulho tão profundo quanto foi feito para ela arbitrar se é
conveniente ou não intervir, se é conveniente ou não prorrogar uma intervenção.
Este é um fato muito marcante que, independente do juízo de cada um e toda uma
série de detalhes, ficou formidavelmente claro ontem, foram cinco meses de
trabalho duríssimo, aliás, para poder estabelecer um diagnóstico.
E a segunda questão, que eu acho que tem, neste mesmo tema, uma índole
política absolutamente nítida, é se os Srs. Vereadores desta Casa estão
dispostos a assumir a responsabilidade de bloquear o processo que está sendo
feito pela Prefeitura, apagar tudo que foi constatado. Eu insisto muito nisto,
na hora em que nós tivermos que decidir, votar, como é que fica tudo que foi
constatado? Os Srs. Vereadores vão assinar embaixo, interrompendo o processo,
modificando? Acho que é uma questão extremamente importante, de extrema
responsabilidade, e não vou ser obscuro nesse terreno. Nós entendemos que, do
ponto de vista político, não há dúvida, pelo menos, não me parece haver dúvida
na intenção daquele que faz o Projeto, mas não posso saber o que pensa cada um
dos Vereadores, porque ainda não se manifestaram sobre o tema, é retirar da
Prefeitura o seu direito e a sua potência para poder agir num quadro que sempre
se revelou extremamente difícil e antagônico. Quero dizer, com todo o respeito,
e desde agora, que me parece de tal maneira importante o debate que se
inaugura, que essa é a forma como penso.
O SR. PRESIDENTE: V. Exª tem mais 10 minutos.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Não vou usar todo o tempo,
mas apenas quero completar o pensamento.
O Sr. Vieira da Cunha: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas, pela própria dinâmica dos trabalhados de
ontem, e em função de um compromisso previamente assumido em uma emissora de
rádio, não tive a oportunidade de me manifestar, ainda não tive tempo de analisar
com profundidade o documento que o Sr. Prefeito enviou aos Vereadores, mas o
que me chamou a atenção foi que na análise feita pelo Sr. Prefeito sobre a
política tarifária, do nosso Governo, o PDT, ele fez questão de fazer uma
comparação que, aliás, foi a tônica da campanha eleitoral, entre os reajustes
conferidos na nossa administração e o índice de inflação verificado no período.
Passei a analisar o anexo 9 do trabalho, e vi que se referia somente aos anos
de 1987 e 1988, quando a Administração Collares foi de três anos. Fui pesquisar
para saber o índice de inflação de 1º de janeiro de 1986 até 31 de dezembro de
1988, e me deparei, não com aquela cifra informada pelo Sr. Prefeito de 4 mil e
pouco porcento, conforme o índice de IPC, medido pelo IEP, da UFRGS, de 7.600%,
e aí sim, conferiu o índice de reajuste de tarifa, em 7.400% durante o triênio.
Então me parece, Ver. Flávio Koutzii, que para restabelecer a verdade,
que quando nós fazemos estas comparações tem que se fazer durante todo o
período do Governo Collares que foi de três anos e não de dois, enquanto a
inflação, realmente, como disse o Sr. Prefeito, subiu 7.400%, a tarifa, aliás,
subiu 7.400%, a inflação verificada no triênio foi de 7.600%. Portanto a tarifa
acompanhou e inclusive ficou um pouco abaixo do índice de inflação verificando
durante todo o período de Governo Collares.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Não somente acolho o aparte
de V. Exª, Ver. Vieira da Cunha, quanto considero, e a observação merece uma
resposta. E vou examinar os números no período que V. Exª chama a atenção e
oportunamente me manifesto sobre isto. Eu gostaria de retomar o fio da
intervenção dentro do tema que era pertinente, para fechar o raciocínio. Quando
eu dizia exatamente que posso até compreender que um ou mais Vereadores pensem
que, do seu ponto de vista, como oposicionistas, desenvolvem com o governo,
devem produzir um fato que de alguma maneira muito concretamente diz que culpar
a continuação deste processo de intervenção e da continuação deste processo de
saneamento que nós tentamos estabelecer, bem neste ritmo indicado ontem pelo
Prefeito. Quer dizer, estamos fazendo as coisas dentro do nosso alcance e nos
ritmos necessários, sem precipitações. Nós queremos deixar claro que a Câmara,
muito mais do que um episódio circunstancial daqueles que se confrontam
diretamente contra a administração, estará decidindo interromper um processo
pelo qual, sim, a população está pagando um preço, mas impedindo que se chegue
ao resultado e voltando para o ponto de partida. Então, a responsabilidade
política - e eu dizia sobre está ótica eu pretendo levar o debate -, não só
dentro desta Casa, mas, evidentemente, no espaço democrático que os meios de
comunicação nos oferecem. Tem também uma experiência que muitos que estão aqui
conhecem muito melhor do que eu, que é a própria tentativa que a Câmara fez,
por um período, de arbitrar a questão das tarifas e decidir sobre elas, com
toda a complexidade que isto se revelou tanto no terreno técnico como no
terreno político, mas acho evidente que se a Câmara estiver disposta a decidir
se deve intervir ou não, deve estar disposta também a decidir sobre as tarifas
e assim por diante.
Então, o apelo que vai nesta intervenção é na qualidade de Líder de uma
Bancada importante desta Casa, de representantes do Governo, de chamar atenção
e pedir uma reflexão aos colegas Vereadores sobre o futuro voto em relação a
este Projeto, entendendo que ele tem muito mais alcance do que uma simples
escaramuça com o Governo Municipal. Ele, neste momento, tem um nome: significa
frear a intervenção, passar um atestado de boa conduta ao empresariado desta
Cidade, passar um atestado de que uma série formidável de deformações e
anormalidades não merecem ser sanadas, mas suspensas, e acho que este dilema é
um dilema que agora deve ser partilhado por todos os membros desta Casa. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Liderança, com o PL. Ver.
Wilson Santos.
O SR. WILSON SANTOS: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, vou tomar a liberdade de ler inicialmente a Ordem de Serviço nº 23,
do Sr. Prefeito Olívio Dutra, datada de 29 de maio de 1989. (Lê):
“Aos Srs. Secretários Municipais, Diretores-Gerais de Autarquias, Procurador-Geral do Município, Diretor do Departamento de Esgotos Pluviais e Diretores-Presidentes de Empresas Municipais. Considerando que vem sendo constatada com freqüência a realização de reuniões de funcionários em dias e horários de trabalhos para assuntos estranhos do serviço; considerando que tais eventos, na forma realizada, além dos prejuízos e transtornos administrativos que causam, contrariam o interesse público, as disposições legais e regulamentares, especialmente as que dizem respeito aos deveres e proibições constantes nos artigos 196 e197 da Lei Complementar nº 133; considerando que a necessidade de avaliação de eventos ou atos preparatórios de ações reivindicatórias de funcionários devem ser canalizados através da entidade sindical competente, determino: 1) somente com autorização expressa do Prefeito, em expediente devidamente instruído, poderão ser permitidos afastamentos de funcionários em horário de trabalho para participar de encontros e reuniões com objetivo estranho ao serviço; deverão ser adotados pelos titulares dos órgãos municipais...” e vêm outros detalhes aí. Sr. Presidente, Srs. Vereadores, esta Casa votou aquele Veto, art. 55, que beneficiava os técnico-científicos. Esta Casa legislou e naquele ato legislativo nós tivemos posições favoráveis e posições desfavoráveis. Mas o Veto foi derrubado e permaneceu aquele benefício. Eu fui convidado, inclusive pelas lideranças dos técnico-científicos como de resto outros líderes desta Casa, para uma reunião com o Prefeito e foram atendidos pelo Vice-Prefeito Tarso Genro. Lá ficou aberto um diálogo em função da mobilização dos técnico-científicos. Os técnico-científicos se reuniram no Cine Vitória, reunião com 400 técnico-científicos numa comprovação da mobilização dos técnico-científicos buscando o seu direito, porque o poder público, especificamente o que diz respeito ao Poder Executivo, tem decisão momentânea de não pagar o benefício para os técnico-científicos. Foi aberto um diálogo, tratativas para se estudar e se admitiu até transigir as partes, o que é bom num diálogo. Entretanto, esta Ordem de Serviço do Sr. Prefeito, até prova em contrário, visa desestabilizar o movimento, impedir o movimento dos técnico-científicos porque se reuniram na sexta-feira, de manhã, no Cine Vitória, e marcaram para terça-feira uma outra reunião e alugaram o Cine Vitória. Com essa Ordem de Serviço, eles foram impedidos de ser reunir na terça-feira e ainda tiveram prejuízo, porque pagaram o aluguel do Cine Vitória. O Prefeito parece estar burocratizando, emperrando, entravando um movimento reivindicatório. E aqui quero fazer algumas perguntas. A primeira, que deixo grifada nos Anais desta Casa: onde está o Sindicato para defender os técnico-científicos? O Sr. Prefeito, durante o movimento de greve geral no Brasil, liderou piquetes na frente dos bancos, em horários de expediente. Eu acredito que deve ser reexaminada essa Ordem de Serviço, até porque ela vai aos limites e mesmo porque eu acredito que os Secretários e Diretores de órgãos do Município têm autoridade suficiente para analisar a dispensa de um funcionário. Acho que houve um excesso do Prefeito Olívio Dutra quando diz que somente com expressa autorização do Prefeito, em expediente devidamente instruído, um funcionário do Secretário vai poder se afastar. Aqui está o excesso. Visa entravar o movimento? Estou convencido que sim. Se me provarem o contrário, eu transijo, porque não sou intransigente. E o outro cúmulo é o extremo que chegou de que para se dispensar um funcionário será necessário documento devidamente instruído que expresse a decisão do Prefeito. Então, eu faço esta colocação porque entendo que essa não está sendo uma forma correta e justa. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, em tempo de
Liderança, o Ver. Clóvis Brum.
O SR. CLÓVIS BRUM: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, a Ordem de Serviço nº 23, baixada no dia 29 de maio, pelo Prefeito
Olívio Dutra, sob forma de documento, é o lançamento da pedra fundamental da
repressão institucionalizada pelo PT aos funcionários do Município. É um
retrocesso, um desatino, um desaviso e um equívoco profundo e lamentável que a
Administração do PT lança, documentadamente, contra seus funcionários e
fascistamente, Ver. José Valdir. Nunca no Governo do PMDB se baixou nota de
serviço proibindo reuniões, se fez greve por 90,100 dias, por mais de 100 dias,
e nunca se baixou nota de serviço, proibindo o direito de reunião dos
trabalhadores. Por acaso os funcionários municipais não são trabalhadores? A
Administração do PT quer, através de uma ordem de serviço, cercear o direito de
mobilização, de reunião, de luta dos trabalhadores da Prefeitura. Eu não posso
acreditar que a Liderança do PT venha a esta tribuna dizer que esta nota de
serviço é democrática, que é coerente com o passado de luta do PT. É
retrocesso, é a violência que se começa a implantar na Administração de Porto Alegre
contra os trabalhadores da Prefeitura. Os trabalhadores da Prefeitura só podem
se reunir sob dois aspectos: 1º) que tenha autorização do Supremo Mandatário da
Prefeitura, que o monarca da Cidade assim o determine; 2º) só se for sob a
tutela do Sindicato, hoje sob a liderança do PT. Se não for sob a batuta do
Sindicato do PT, deve ser com a expressa ordem do mandatário da Cidade, do
todo-poderoso, do dono da cidade. Ele não escamoteia, ele é transparente, Ver.
José Valdir. Diz o inciso 2º da nota: “deverão ser adotadas pelos titulares das
repartições municipais as providências necessárias ao cumprimento dessa
determinação, aplicando-se as sanções previstas em lei nos casos que a
contrariem”. Quer dizer, chamar a polícia, mandar bater, prender, está dentro
da orientação do PT! Tem que ser cumprida a Lei do Prefeito Olívio Dutra, se
não for cumprida a Lei os funcionários não puderam se reunir! Nunca ouvi e
nunca vi tamanha aberração, proibir os funcionários de se reunir! Mas não faz
um ano que a Presidente do Sindicato, a Profª Ana, em pleno horário de
expediente, quando ainda não era Sindicato, era Associação, juntamente com
inúmeros colegas seus, funcionários municipais, ocupavam esse saguão e aqui se
sentavam e passavam dias e dias conversando conosco buscando a aprovação do
Plano Classificado do Magistério. Mas como, que retrocesso é esse?! Não entendo
mais nada, efetivamente não se entendi mais nada. a democracia apregoada pelo
PT é a democracia do partido único? Se é, vamos assumir!
Concluo, Sr. Presidente, lamentando essa nota. Não vou dizer que tenho certeza, mas acho que o Prefeito não deve ter lido essa nota. Conheço o passado de luta do Prefeito Olívio Dutra, sei da sua participação ativa na reconquista das nossas franquias libertárias, dos nossos direitos constitucionais, do direito de reunião, do direito de debate! E agora, o PT todo está ao lado do magistério, fora do seu local de trabalho no Estado, em greve e não se está punindo ninguém. Quer dizer, para a Prefeitura de Olívio a dureza da repressão, nas demais administrações, que o PT possa agir como bem-entender! Não, não é como bem-entender, o PT está exercitando, nas demais administrações, uma prática democrática que reconhecemos e com a qual nos congratulamos, agora, que a mesma prática tenha lugar e tenha vez dentro da Administração do Sr. Olívio Dutra, do PT em Porto Alegre, que, com essa nota, oficializa o início da repressão em meio, em cima, em todos os lados do sacrificado quadro do funcionalismo público municipal. Sou grato.
O SR. PRESIDENTE: Tempo de Liderança, com o
PFL. Ver. Artur Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o Ver. Clóvis Brum não viu nada. V. Exª não viu o Decreto assinado
pelo Sr. Prefeito dizendo que a partir de agora as coletas de auxílios, as
corridas de ruas e as passeatas têm que ter 15 duas de antecedência para serem
autorizadas pela SMT. É, V. Exas não leram. Lembro-me da passeata
que o PT fez quando ganhou as eleições, que não imaginava ganhar e terminou
ganhando, e se imaginasse ganhar teria se preparado melhor e teria de ficar
esperando 15 dias pelo Sr. Nelson Fernandes para autorizar. É passeata agora, é
com 15 dias, avisaram o CPERS, avisaram o Ver. José Valdir: “Não traga mais os
alunos”, os professores que ele trazia da Nova Gleba, levava lá na frente da
SEC e ficavam lá, interrompiam o trânsito. Acabou! Avisaram que agora não pode
mais, 15 dias de antecedência.
Mas, Sr. Presidente, consegui o tempo do Ver. Edi Morelli numa permuta
e nesse momento, então, nós vamos analisar a palestra do Sr. Prefeito que aqui
esteve ontem. E, por isso, somente naquele momento vou tratar disso. Mas
efetivamente tem algumas coisas que me trazem uma certa preocupação, o Ver.
Antonio Holfeldt, há dois ou três dias, também na sua democracia atual, diz que
os assuntos da intervenção para que fossem bem tratados, para que não houvesse
nenhuma atrapalhada, que ninguém se metesse, para que a intervenção fosse boa
tinha que ser escondida da imprensa. Está lá no jornal. Não falamos nada à
imprensa que é para não atrapalhar a negociação. É por isso, Ver. Flávio
Koutzii, que vou votar a favor do Projeto do Ver. Isaac Ainhorn, porque se nem
a imprensa, que o Ver. Antonio Holfeldt aqui representava e defendia, nem a
imprensa o Vereador quer ouvir falar, agora, para não atrapalhar, o que ele
pode pensar de 33 Vereadores, menos os 9 do PT, tenho certeza que não, do Ver.
Lauro Hagemann, jornalista, Presidente do Sindicato, este imagino que queira
que a imprensa tome conhecimento do que trata a SMT. Não imagino o Vereador
representante do PSB nesta Casa, também, contra a imprensa, mas imagino que os
nove do PT estão contra, atendendo ao que diz o Sr. Secretário dos Transportes.
O Ver. Adroaldo Corrêa, também, é a favor da imprensa, já está melhorando. Temos um. Só espero que na hora de votar V. Exª não faça como outros, que na hora de votar fazem as moções e na hora de votar se abstêm. Mas vejo com satisfação que V. Exª ao menos não esqueceu suas origens, nem o que dizia antes.
Também, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, ficou definido ontem, e creio
que a política era essa que a Prefeitura considera já as empresas, ou ao menos
a Sopal, como de propriedade da Prefeitura, é uma decisão definitiva, e as
outras, como intervenção, o Sr. Prefeito já considera aquilo como Administração
Municipal.
Não me pronunciei na época e vou-me pronunciar hoje, se o Sr. Prefeito
considera que a Sopal já é da Prefeitura, ele não pode estar contratando, como
está contratando funcionários pela Sopal, sem concurso público. E não são
motoristas, nem mecânicos, são salários de dois mil e poucos cruzados, que
estão contratando sem concurso público, e mais, Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, se utilizando de uma empresa privada que ganha para fazer isto, a
Racional. Não é a Prefeitura que está escolhendo.
Encerro porque a parte referente à palestra do Sr. Prefeito será
tratada no momento oportuno.
Quero também manifestar a minha mágoa com o Ver. Giovani Gregol, que
não está presente neste momento, que foi ao jornal Zero Hora dar entrevista
dizendo que eu não estava prestigiando a Comissão Parlamentar de Inquérito,
porque, como Relator, não tinha comparecido à reunião. Eu não estive na
reunião, porque estava em Licença para Tratamento de Saúde, votada pelo Ver.
Giovani Gregol, e, por isso, efetivamente, não estava aqui. Tentei entrar em
contato com o gabinete do Vereador, deixei diversos recados, mas não consegui.
Então, na tribuna, digo isso. Eu creio que nós devemos ter um pouco mais de
respeito uns com ou outros, principalmente com um colega que, em Licença de
Tratamento de Saúde, não estava naquele momento na reunião. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. João
Dib em Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente e Srs. Vereadores,
hoje, o termo é equivocado. Equivocado estava o Ver. João Dib, no dia 24 de
maio, quando veio a esta tribuna e defendeu a ida do Prefeito Olívio Dutra para
o Chile, para participar, como convidado, de uma reunião da ALALC. E o Ver.
João Dib, porque ama esta Cidade, julgava que era uma honra para a Cidade que o
Prefeito fosse convidado para o Congresso. Não, não, não. Ele foi lá
representar o Dr. Lula, mentiu para esta Casa. E o homem público, inteligente,
não mente. E nós votamos uma mentira.
Equivocado estava S. Exª, ontem, quando disse que a renovação da frota,
a partir dos cálculos dos seus técnicos - ontem, eu disse, nem tão brilhantes
nem tão técnicos - levariam, no ritmo atual, 19 anos. Então, 19 anos depois,
teria que trocar 1.140 ônibus. Mas isso é conta demais para aqueles técnicos
que nos trouxeram de São Paulo.
Equivocado, o Secretário Municipal da Fazenda que gasta 99% da
arrecadação com o funcionalismo, mas só de ICM, este mês, está arrecadando 7
milhões e 900, para uma folha bruta de pouco mais 8 milhões de cruzados, e
líquida de 7 milhões. Então, eu estava equivocado, porque tenho vindo, muitas
vezes, a esta tribuna para dar a minha solidariedade, o meu apoio à
administração municipal, mas não me equivoquei nunca como administrador desta
Cidade, como responsável por qualquer setor, e sou orgulhoso disso, porque
gostei de trabalhar com as portas abertas, porque não tinha nada para esconder,
mas com a mesma lisura, com o mesmo comportamento de quem foi um dia Executivo,
tenho agido neste Legislativo, e tenho me equivocado, realmente me equivocado,
para sofrer a agressão, e depois, o pedido de desculpas pelo Prefeito, que não
usei em lugar nenhum - mas que com orgulho o Vereador recebeu, através do
Vice-Prefeito, um pedido de desculpas do Prefeito Olívio Dutra, porque teria se
portado mal, eu chamei de moleque, e equivoquei-me, eu aceitei as desculpas,
mas não eram sinceras, não eram honestas, eram equivocadas. Então, eu estava
equivocado, mas não na minha administração, não nas coisas públicas, pelas
quais tenho muito zelo; equivocado estava eu, quando permitia, como Prefeito,
que os funcionários se reunissem, lhes dava microfone, alto-falante, para se
dirigirem contra o Prefeito? Eu estava equivocado? Não, eu consegui que não
houvesse greve. Estava o Prefeito Tarso Genro equivocado quando disse que os
funcionários poderiam fazer a sua assembléia, mas depois saiu uma ordem de
serviço, dizendo que agora não pode mais, aquela liberdade que se pretendia
para o servidor municipal valia para o João Dib, Prefeito, para o Collares ou
para o Villela, agora para o Olívio Dutra não, é equivoco. Eu tenho amor a esta
Cidade, não estou dizendo nada diferente do que vou continuar fazendo,
defendendo a Cidade, mas vou ser muito mais cuidadoso para que não cometa
equívocos como este do dia 24, em que o Prefeito assina, que foi convidado, mas
foi, na verdade, representar o Lula. E se eu estiver equivocado nesta
afirmação, equivocado está o Vice-Prefeito que disse isso, ontem, no rádio.
Então, vamos colocar as coisas nos seus devidos lugares. Vamos
continuar amando esta Cidade. Vamos procurar soluções. Vamos reconhecer que a
intervenção foi um desastre e que a análise que vai ser feita, criteriosamente
feita de tudo aquilo que foi dito aqui ontem, vai provar. E estou pedindo ao
Presidente que me forneça todo o apanhado taquigráfico gravado na data de
ontem, porque eu vou analisar. Eu calculei tarifas nesta Cidade, perdi o meu
cargo de assistente técnico na Secretaria Municipal dos Transportes porque eu
havia calculado. E não me arrependi. Fui o primeiro a fazer isto. E eu posso,
tranqüilamente, fazer qualquer análise de transporte coletivo nesta Cidade. Sou
grato.
O SR. PRESIDENTE (Wilton
Araújo): Srs.
Vereadores, o próximo orador inscrito é o Ver. Ervino Besson, que cede o seu
tempo ao Ver. Isaac Ainhorn.
O SR. ISAAC AINHORN: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, graças a Deus que no exercício do meu mandato eu tenho tido a
compreensão e o reconhecimento da minha comunidade. Não apenas pelos votos que
eu fiz, mas também das pessoas que não votaram em mim, mas que reconhecem que
aqui, no desempenho do meu mandato, com independência, com autonomia, com
seriedade e com a representação partidária, com a linha que eu me propus, eu
tenho procurado desenvolver um trabalho sério e responsável, acima de tudo,
tendo como objetivo os interesses da minha Cidade. E não tem sido uma, nem duas
vezes que tenho comparecido à tribuna desta Casa, admitindo erros e equívocos
da administração municipal do meu partido. Em vários pontos, em vários aspectos
da Cidade, e não só através da tribuna que o povo me outorgou. Mas também em
todos os espaços que me tem propiciado os meios de comunicação da nossa Cidade.
E em nome da responsabilidade de um mandato que desempenho nesta Cidade, é que
vendo o caos que se transformou o sistema do transporte coletivo na Cidade de
Porto Alegre, é que assistindo à inexistência de normas jurídicas que
regulassem o instituto da intervenção, é que entendi necessário que esta lacuna
devesse ser preenchida, e falo com a tranqüilidade da independência, falo com a
tranqüilidade de quem vem a esta tribuna e consegue olhar olho a olho dos seus
pares e dizer que apresentei um Projeto cujo objetivo maior, Sr. Presidente e
Srs. Vereadores, é estabelecer um freio à ação ilimitada do Executivo. E este,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a necessidade de um freio à ação ilimitada, ao
arbítrio exagerado do Executivo, é elemento maior do sistema da representação
democrática do poder. E vejam, V. Exas, que o Projeto que eu
apresentei, ele não se coloca com objetivo de resolver as atuais intervenções.
Não. O meu Projeto é um Projeto dentro daquela concepção de ordenamento
jurídico do legislador, dentro daquela concepção da teoria geral do Direito, de
que quando o legislador elabora uma lei, ele a elabora com caráter genérico,
procurando atender as futuras situações de fato que possa a vir a se
constituir; é dentro deste espírito que elaborei o meu Projeto. Óbvio que
aquilo que o Dr. Santiago Dantas denominava uma esquerda negativa é capaz de
começar a ver inúmeros interesses neste meu Projeto. Mas eu tenho
independência, eu posso olhar cara-a-cara porque tenho um passado que me honra,
tenho um passado de lutas, sempre tive posições muito claras e definidas. Isso
tudo me dá as condições necessárias para desempenhar um mandato parlamentar com
independência e grandeza e vir a sustentar aquilo que, independente dos
interesses partidários, dos interesses ideológicos, esteja muito superior a
isso, esteja no sentido dos interesses da Cidade. Nós temos que ter clareza em
relação a pontos que eu julgo fundamentais. Uma cidade é um complexo de
interesses antagônicos. Um homem de esquerda, um partido de esquerda, que se
propõe a implantar o socialismo pela via democrática, que está disposto a viver
com o pluralismo, tem que ter a consciência de que nós vivemos numa economia de
mercado e que não podemos mais ter a concepção de que, através de sonhos e
devaneios, nós vamos implantar nas mesas de bares o socialismo no Brasil. Não é
por aí. É através de um trabalho sério, é através do orgulho de ter ido ao
Banhado do Colégio nesse fim de semana e ver a seriedade do trabalho de Leonel
Brizola, que implantou na prática a reforma agrária, sem teoria, sem poesia,
porque ali estão os camponeses, os sem-terra da década de 60, plantando e
produzindo. É em nome dessa concepção de cidade que eu tive a independência de
pensar um Projeto que viesse a atender aos interesses da Cidade, um Projeto que
só tem a inconstitucionalidade numa cabeça que não é jurídica, que é a cabeça
política. E eu respeito o Vice-Prefeito Tarso Genro, porque ele tem mais é uma
concepção política do que jurídica. Todo mundo está sabendo que o Vice-Prefeito
Tarso Genro, que quando atacou disse que é inconstitucional, não está pensando
juridicamente. Ele sabe que a visão da questão é política, ele sabe que nós
estamos lutando pela valorização deste Poder, que é o Poder Legislativo. Com
isso ele não convive. Acho até que ele preferiu o Executivo, pelo maior número
de poderes que tem, do que estar lá na Câmara Federal. Acho que agora entendo
porque ele preferiu a Prefeitura! Meu Projeto é um projeto claro e tenho a
coragem de vir aqui dizer que uma intervenção, até o final do ano, nas empresas
de transporte coletivo não é intervenção, é encampação, é um ato arbitrário.
Esta Câmara tem que assumir sua representação popular, esta Câmara tem que
assumir o poder que o povo lhe outorgou e limitar o arbítrio de um Prefeito que
está indo além dos poderes que o povo lhe conferiu nas urnas. Quero que o
Partido dos Trabalhadores, que a Administração Popular respeite aqueles
compromissos que assumiu durante a campanha eleitoral. Não adianta vir aqui
dizer que respeita o Poder Legislativo, falar 4 ou 5 horas e não dar o livre
direito e o acesso ao debate.
O Sr. José Valdir: Quando interessa, não se usa
o Regimento!
O SR. ISAAC AINHORN: Não, o Regimento da Casa dá
duas opções, a opção da pergunta e da resposta ou a opção final e, se não fosse
o Regimento, eu teria atacado, mas o Regimento é - como diriam alguns - feito
na época do arbítrio e V. Exª deve ser um admirador do arbítrio. É a velha
história, eu sempre usei o Regimento e não vai ser V. Exª quem vai me dar lição
de observar o Regimento, com todo o respeito que devo a V. Exª, porque eu
sempre observei o Regimento!
O Sr. Nelson Castan: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Ver. Isaac, é evidente que aprovo o Projeto de V.
Exª, e fiz uma Emenda movido pela mesma preocupação de V. Exª, porque o que
estamos presenciando, e ficou mais do que comprovado ontem, é a falta de
propósitos explícitos da Administração Popular na manutenção dessas
intervenções. São evidentes os custos que, mais cedo ou mais tarde, o povo de
Porto Alegre irá pagar por tudo isso. São os custos da intervenção, são as
diferenças de roletas, as diferenças de tarifas, uma vez que a Lei Municipal
que institui o cálculo tarifário não está sendo respeitada. Tudo isso alguém
irá pagar, e em nome do quê? Em nome de um cálculo tarifário fictício! É um grande
engodo o caminho que o PT está propondo para calcular a tarifa justa nesta
Cidade.
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Apenas para perguntar se o Vereador na tribuna acolhe
ao seu Projeto uma Emenda do Ver. Nelson Castan que, no meu entender e pela sua
exposição, é contrária ao próprio Projeto, na medida em que faz retroagir os
efeitos estabelecidos no seu Projeto?
O SR. ISAAC AINHORN: Até gostaria que nós dois,
V. Exª e eu, participássemos de uma posição comum desta Casa, de valorização do
Legislativo. Tenho certeza de que o Ver. Nelson Castan retiraria a Emenda, se a
Bancada do PT e V. Exª votassem a favor do Projeto que prevê o futuro, que
legisla para o futuro.
Encerro, Sr. Presidente, apenas para registrar, para que os Anais da
Casa registrem, a opinião da Auditoria que se louva, para definir a
constitucionalidade do meu Projeto de Lei, a constitucionalidade jurídica, não
a constitucionalidade político-jurídica, jurídica quando diz: “como órgão
legislativo do Município, a Câmara de Vereadores tem a função precípua de fazer
leis”, mas não se exaurem nesta incumbência as suas atribuições institucionais;
desempenha ela, além da função legislativa típica e predominante, mais a de
fiscalização e controle da conduta política e administrativa do Prefeito, a de
assessoramento ao Executivo local e a seus serviços.
Reitero, o meu Projeto atende fundamentalmente a uma necessidade
imperiosa de preencher uma lacuna que existe na legislação do transporte
coletivo desta Cidade. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Liderança, com o PDT, com o
Ver. Nelson Castan.
O SR. NELSON CASTAN: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, nós imaginávamos que mais cedo ou mais tarde nós seríamos alvo
deste tipo de ataque, que mais se aproxima da acusação, da infâmia. Refiro-me
ao ataque da Liderança do Partido dos Trabalhadores, que não entendeu, ou não
quer entender, a intenção que nos move ao valorizar esta Casa Legislativa, no
que diz respeito ao transporte coletivo.
A Bancada do PT e o Ver. Flávio Koutzii sabem muito bem, conhecem muito
bem o trabalho que eu desenvolvi à frente da Companhia Carris e todo
conhecimento que tenho do setor de transporte coletivo. O Ver. Flávio Koutzii e
a Bancada do PT, certamente, também sabem que na minha gestão, por meu pedido,
a CARRIS retirou-se do consórcio operacional de Porto Alegre. Estou dizendo
isso para deixar claro, à Bancada situacionista, a independência com que me
movimento nesta Casa e dos interesses que nós todos temos em zelar pela Cidade
de Porto Alegre.
A Bancada do PT também sabe - eu já fiz um pronunciamento nesse sentido
- que o que o PT está fazendo dentro das empresas até agora não ficou
explicado, porque para se conhecer uma planilha tarifária real não precisa esta
parafernália toda que está sendo feita. É absolutamente indispensável, a
população de Porto Alegre sabe disso, que se houvesse este interesse na
realidade, este interesse de fato, isto já teria sido alcançado por métodos
muito mais confiáveis, muito mais fidedignos do que este que o PT quer e está
dizendo realizar. Então, os propósitos confessos da Administração da Frente
Popular são absolutamente irreais e eu pergunto em troca do que tudo isso está
acontecendo? É para a população saber das irregularidades dentro das empresas?
Por acaso, o poder concedente não tem o poder de entrar nas empresas,
vasculhar, examinar toda a contabilidade, sem fazer a intervenção? Tem ou não
tem? E se tem, por que não exerce? Por que não fizeram? É a mesma pergunta. Por
que estão colocando a municipalidade, os contribuintes de Porto Alegre à mercê
de um conjunto enorme de ações na Justiça que farão com que a Cidade de Porto
Alegre, o contribuinte, pague um negro e um cachimbo por todos esses desmandos?
Por acaso, o desvio de roletas não será imputado aos interventores pagar essa
diferença? Não são eles os responsáveis pelo gerenciamento da Empresa Sudeste?
Tudo isso, os erros do passado, que cobrem de quem os deve. Os erros do
presente serão cobrados da Administração de V. Exª, Ver. José Valdir. É isso
que nos move ao apoiar este Projeto do Ver. Isaac Ainhorn, e ao fazer a Emenda
que fazemos.
Quem vai pagar o custo da diferença tarifária? Pela desobediência
explícita, manifesta publicamente, com relação à lei que define o cálculo
tarifário aprovado por essa Casa, quem vai pagar tudo isto? Essa pergunta que
os Vereadores desta Casa devem-se fazer.
E digo que se a minha Emenda ao Projeto do Ver. Isaac Ainhorn for
impedimento por parte da Bancada do PT, com relação à aprovação deste Projeto,
retiro a Emenda. Porque também acho que o que precisamos, em primeiro lugar, é
um ordenamento jurídico que valorize a Câmara de Vereadores, que dê poderes a
esta Câmara de impedir atitudes, de impedir medidas administrativas que sejam
baseadas no puro emocionalismo, na pura proposta ideológica, que desconheçam o
arcabouço jurídico no qual nós nos inserimos, e que decretem e determinem à
nossa Cidade, aos nossos contribuintes que, no futuro, muito provavelmente,
além da administração do Sr. Olívio Dutra, que a população de Porto Alegre seja
surpreendida com valores enormes para pagar, a título de indenização. Muito
obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Próximo orador inscrito em
Comunicações é o Ver. Elói Guimarães.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, já disse desta tribuna na última intervenção, e volto a repetir, o
PT está apeando do trem da história e das suas lutas. Já demonstramos, está na
consciência de todos, a grande perplexidade, a cautela do PT no trato da
questão salarial em nível de funcionalismo municipal. Isto está manifestado
hoje, está claro para o funcionalismo; uma cautela, um cuidado, coisas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, que negam todo um passado de lutas do PT. Porque
o PT tem a sua cara, ao longo do tempo, um Partido com um discurso robusto,
veemente, na busca do salário. Pois vem para a Prefeitura e passa a ser
altamente burocrático, altamente cauteloso em questões de menos importância.
Como não bastasse isso, ao que nós assistimos agora? A implantação de uma Ordem
de Serviço, de nº 023, que proíbe uma das práticas que era do PT, da sua
natureza, a prática da reunião, do debate permanente nas repartições do
Município.
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, a Administração do PT está confusa na
sua visão ideológica. A Administração Popular está aí - a população está a
constatar e a dizer - aos solavancos, com enormes dificuldades e, agora,
proíbe, vejam bem, que funcionários se reúnam. Essa Ordem de Serviço se
ajustava no período excepcional, no período da ditadura, só na ditadura! E
tenho as minhas dúvidas se algum Prefeito editou um ato desse teor, proibindo
que funcionários se reunam para tratar, evidentemente, dos seus interesses.
E o mais grave, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nós, outro dia,
fizemos uma análise onde condenamos o Partido do Sindicato. Não há cancro pior
para o trabalhador, para o funcionalismo, do que o Partido entrar no Sindicato.
O que acontece, hoje, em nível municipal? O Partido claramente entrou no
Sindicato; o Partido, o PT, se confunde com o Simpa e, na medida em que assume
o poder, desaparece a reivindicação salarial. Por isso é que nós somos contra,
absolutamente contra que o Partido ingresse no Sindicato. O Sindicato tem que
ficar com as suas questões próprias, específicas, reivindicatórias, e jamais
pode-se confundir com interesses partidários. O PT assume a Prefeitura em Porto
Alegre e, logo, não há mais reivindicação. Um orador, desta tribuna, que pediu
76% foi vaiado pela galeria. Enquanto outro que pedia 40% era aplaudido. Então,
isto tudo é a manipulação. Mas esta Ordem de Serviço cora os ditadores, aqueles
que durante muitos anos entravaram a história deste País. A ditadura se dava
pela direita, a partir de 1964. E, agora, o que nós estamos vendo aqui? Isto
aqui é um instrumento próprio dos regimes de força, dos regimes que atentam
contra a liberdade. Proíbe-se o direito de reunião. Aliás, isso aí é
inconstitucional, porque a Constituição assegura o direito de reunião, desde
que não seja com armas. Não acreditamos, Sr. Presidente e Srs. Vereadores, que
os funcionários estejam-se reunindo com armas. Funcionalismo não tem armas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores. O funcionalismo, que está se reunindo, está
buscando a defesa da qualidade de vida. Mas por que o PT nega isto? O PT foi um
dos mais zelosos com o direito de reunião, aqui, ali e acolá. Tivemos a
oportunidade de ser Secretário, e são dados concretos, não é esse discurso
pragmático. Nós já estamos cansado de discursos pragmáticos. Nós tivemos na Secretaria
Municipal de Transportes, aliás, em todas as Secretarias, uma militância muito
grande do PT na defesa do funcionalismo. E tínhamos lá, quase que
permanentemente, reuniões, e eu, na qualidade de Secretário, autorizava. Não
vou citar nomes de integrantes do PT, que são da Secretaria Municipal dos
Transportes, que se reuniam no Auditório para planejar o seu movimento. Pois
bem, o Prefeito Olívio, é com ele; se o Secretário Municipal dos Transportes
pretender autorizar, não pode; é o Prefeito Municipal que pode autorizar,
segundo estas disposições que ele deve revogar.
Aliás, a Câmara - vou lançar uma proposta - tem que fazer um movimento,
convocar o funcionalismo para irem à praça pública, para revogar essa
brutalidade, que é um equívoco. Volto a insistir. O PT precisa fazer uma
análise interna, porque estas questões foram princípios da sua luta, ou alguém
pode negar o contrário? Ninguém pode negar, neste País, as reivindicações
salariais feitas pelo PT, o direito de reunião, defendido pelo PT, ninguém pode
negar. Agora, que o PT revise a sua prática, revise a sua postura na Prefeitura
Municipal de Porto Alegre, porque são dados concretos, objetivos.
Portanto, fica a nossa manifestação de absoluta estranheza e a
convocação ao funcionalismo, já que não tem mais liderança, não existe mais, o
Simpa é pelego. A diretoria do Simpa é pelega. Porque ali se confundiram os
interesses do Partido com os interesses sindicais. Então, não há mais
reivindicações, não se pode reivindicar pertencendo ao mesmo Partido. O funcionalismo
votou em massa no PT, vamos deixar claro isso, o funcionalismo esteve ao lado
do PT. E é ele quem diz hoje: “Onde estão as nossas reivindicações? Onde está a
nossa liderança? Onde é que está a nossa representatividade?” Pois bem,
desapareceu, porque os interesses são os mesmos.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, é que o Partido equivocado, a
Administração equivocada do PT não acredita muito em diálogo. Veja que esta
Câmara se colocou à disposição do Executivo para dialogar com as empresas e o
Executivo, e, sorrateiramente, estranhamente, buscaram uma pessoa ilustre, sem
dúvida alguma, Luiz Otávio Vieira, para o diálogo que deveria fazer-se entre a
Prefeitura e os transportadores. Por que não os representantes do povo aqui
trazidos porque o povo assim o desejava?
O Sr. Giovani Gregol: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Elói Guimarães, em primeiro lugar, eu
gostaria de dizer que vejo com satisfação a afirmação de V. Exª de que o
Partido jamais deve-se confundir com o Sindicato. Nós, do Partido dos
Trabalhadores, temos dito isto desde a nossa fundação e V. Exª é testemunha.
Inclusive, recebo esta afirmação como uma autocrítica de V. Exª, já que o seu
Partido, o PDT, sistematicamente, tem feito o contrário, tem aparelhado e
manietado o movimento sindical e, principalmente, o movimento popular
comunitário da Cidade de Porto Alegre.
Em segundo lugar, V. Exª, no mínimo, disse meia verdade, quando afirmou
que o funcionalismo nesta Casa vaiou o orador que pediu 76%; vaiou o orador que
também pedia, mas não no momento em que o pedia, vaiou o orador, quando ele
dizia e acusava a categoria e a sua direção de serem pelegos. Nesse momento é
que recebeu a vaia e não momento em que pediu 76%. O índice de aumento foi
negociado por esta Casa com a concordância de V. Exª e da sua Bancada. Em
terceiro lugar, em matéria de ditadura, o seu Partido defende Getúlio Vargas,
que foi um dos maiores ditadores deste País. E V. Exª sabe bem por quê. Durante
o Estado Novo tivemos várias torturas, e entre elas está aí a da mulher do
Prestes...
O SR. PRESIDENTE: O tempo de V. Exª está
esgotado.
O SR. ELÓI GUIMARÃES: Sr. Presidente, diante deste
pequeno ato institucional do Prefeito Olívio Dutra, nós convocamos o
funcionalismo para reunir-se em praça pública, queimar esta Ordem de Serviço,
que é um acinte, é uma agressão ao funcionalismo. Sou grato.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Artur
Zanella.
O SR. ARTUR ZANELLA: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, o aparte que eu queria dar ao Ver. Elói Guimarães, quando ele
falava na inconveniência de misturar sindicato com os partidos políticos, não
pude dar. Eu gostaria de falar naquele momento. Por isso, me inscrevi. Mas, há poucos
dias, aprovamos aqui que a UAMPA seria a coordenadora - com o meu voto,
inclusive - do movimento a respeito dos Conselhos Populares. Vi com espanto,
Ver. Elói Guimarães, nos jornais, eu continuo lendo jornais, a convocação que a
UAMPA há poucos dias fazia para uma reunião sobre creches ou coisa que o valha,
e dizia logo abaixo que a notícia foi distribuída pela Bancada do PT. Então não
é só o Sindicato, quer dizer, a UAMPA também está entrando...
O Sr. Adroaldo Corrêa: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Só para explicar o que ocorreu.
O SR. ARTUR ZANELLA: Quem sabe, porque até agora
já teve um mérito, V. Exª vai explicar uma coisa que já saiu no jornal há três
ou quatro dias.
O Sr. Adroaldo Corrêa: Tudo bem, até porque V. Exª
não estava no momento em que fiz um pronunciamento nesta Casa. V. Exª se
encontrava em licença de saúde. Respeito a sua posição e estou lhe explicando o
seguinte: fiz, desta tribuna, um anúncio de que se realizaria neste fim de
semana - fiz na sexta-feira da semana passada - um encontro da UAMPA sobre
creches, chamando inclusive a participação dos Srs. Vereadores para a
importância do tema, em função de criar na Constituição Estadual uma proposta
de Emenda que justamente visa a garantir à creche comunitária recursos
públicos. Foi por isto que a notícia chegou ao jornal através da Bancada do PT,
por pronunciamento desta tribuna.
O SR. ARTUR ZANELLA: Pois veja V. Exª. Eu estava
vendo aqui até nos ofícios que, normalmente, isso sempre ocorria pela
Presidência da Casa. As entidades se dirigem ao Presidente e o Presidente,
então, convida os Srs. Vereadores. O Prefeito encaminha aquela carta sobre o
problema dos empregos ao Presidente e o Presidente distribui. Eu estranho muito
que, de uma hora para outra, a UAMPA, que é uma entidade - que eu ajudei
indiretamente, na época do DEMHAB, a fundar, e aqueles funcionários do DEMHAB
que atuavam em movimentos comunitários, praticamente, grande parte deles de
oposição, pediam licença para as reuniões da FRACAB, da UAMPA. Não havia
problema nenhum e a vida inteira lá no DEMHAB, pelo menos no meu tempo, as
reuniões eram livres. Eu perdi a conta das reuniões que tive com o Ver. Back,
com o Ver. José Valdir e o Ver. José Valdir era um paladino.
O Sr. José Valdir: Naquele tempo não tinha a
UAMPA, Vereador.
O SR. ARTUR ZANELLA: Estou dizendo a V. Exª que,
quando fundada a UAMPA, os funcionários do DEMHAB, que tinham de uma forma ou
outra esta militância comunitária, saíam a qualquer momento, e falei para a
fundação, não falei para o funcionamento.
O Sr. José Valdir: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Gostaria de perguntar a V. Exª em que ano foi fundada
a UAMPA?
O SR. ARTUR ZANELLA: Acho que o PT, que está
representando a UAMPA, pode dizer melhor. Mas creio que a fundação daquela
entidade foi precedida de uma série de debates; espero que V. Exª se lembre,
porque participava dos debates, inclusive, era contra a urbanização da Vila
Nova Santa Rosa, atual Vila Ramos.
O Sr. Heriberto Back: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) V. Exª está dizendo que o PT se confunde com a UAMPA.
Queria perguntar se V. Exª sabe a quem pertence a ficha de filiação partidária
do Presidente da UAMPA?
O SR. ARTUR ZANELLA: Vereador, se eu estivesse
preocupado com a ficha partidária das pessoas, eu não estaria aqui. Eu não me
importo com a ficha partidária de ninguém. A Presidente do SIMPA sempre alegou
que não tinha ficha, e é a maior propagandista do PT aqui dentro, a dona Maria
Lúcia D’Ângelo, e dizia que não era. Isso de ficha, Vereador... pelo amor de
Deus. O meu Supervisor-Geral da Secretaria, pessoa da mais absoluta confiança
que eu tinha lá dentro, que era quem calculava, hoje é um homem da maior
confiança do PT. Eu nunca lhe perguntei de que Partido era. Nunca lhe
perguntei, e hoje é dos maiores representantes do PT nesta Cidade.
O Sr. Heriberto Back: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Não estou acusando V. Exª de buscar ficha partidária
das pessoas. Apenas estou informando a V. Exª que a ficha partidária do
Presidente da UAMPA pertence ao Partido Democrático Trabalhista.
O SR. ARTUR ZANELLA: O de V. Exª também
pertencia, Ver. Heriberto Back. Era a ficha do PDT, agora não é mais - o que eu
vou fazer? As pessoas mudam. Mas voltando, eu queria analisar o depoimento do
Sr. Prefeito Municipal nesta Casa. Eu, desde o tempo que era do Executivo,
sempre disse que um debate daquela forma como foi feito ontem - claro que
sempre servia para alguma coisa -, mas não servia para muito. E ontem foi a
mesma coisa. O Sr. Prefeito Municipal, depois coadjuvado por diversos
Vereadores do PT, insurgiu-se contra o fato de que não se discutia a política
da intervenção, e sim, fatos isolados. O Sr. Prefeito só trouxe aqui fatos
isolados, porque o principal da política - e era isso eu queria ouvir de S. Exª
- é se ele vai ou não estatizar o transporte coletivo de Porto Alegre. Se vai
estatizar, deve fazer uma política para isso; se vai manter a privatização, a
política também tem que ser feita. Mas tem que, em primeiro lugar, saber e
conscientizar-se que, no momento, quem está sugerindo as empresas é o
Município, e no momento em que o Sr. Prefeito diz aqui desta tribuna que só vai
fazer pagamento de contas realizadas pela intervenção, ele demonstra um
absoluto desconhecimento do que seja um Poder Público. Hoje, a Prefeitura de
Porto Alegre é responsável pelas contas atuais, futuras e passadas das
empresas. O interventor lá não está gerindo um caixa, ele está gerindo uma
empresa. E quando S. Exª, o Sr. Prefeito diz que não paga o IAPAS, o INPS, o
ISSQN, que as empresas não pagam o copo, porque as empresas anteriores também
não pagavam, ele está agindo da mesma maneira que os empresários que ele
criticava. Ao não reservar os recursos que a tarifa dá para renovação da frota,
está cometendo o mesmo ilícito que os empresários que ele acusa. Só que, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, quem vai pagar essa conta, é o Município de Porto
Alegre; quem vai pagar essa conta são os funcionários municipais quando, por
falta de recursos, tiverem problemas de pagamento.
O Sr. João Dib: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Vereador, a equivocada administração da Cidade,
ontem, através do seu titular também equivocado, dizia que o piso salarial no
Brasil é 40, 42. Então, tudo que eles fazem é equivocado. Não adianta, não
perca seu tempo!
O SR. ARTUR ZANELLA: Não fale mal dos assessores
do Sr. Prefeito Municipal, que estavam aqui na Mesa, ontem, porque conheço bem
o seu apuro técnico. O Dr. Paulo Müzzel de Oliveira trabalhou comigo, um
excelente técnico e o Dr. Isaac Zilbermann, dispensa apresentações, também um
excelente administrador público, há muitos anos neste Estado e que,
provavelmente, não são os autores do que está escrito aí. Aqueles dois eu
conheço, excelentes funcionários, assim como meu antigo Supervisor na
Secretaria Municipal dos Transportes, hoje Diretor de órgão do PT, que também
sempre gozou e goza da minha mais absoluta confiança.
Encerro, Sr. Presidente, dizendo que não fiz o que o Ver. João Dib fez,
o Ver. João Dib sempre diz que calculou a tarifa, eu nunca calculei tarifa, eu
fiscalizava o cálculo das tarifas que era feito pelo atual Diretor da CARRIS,
quem cuidava da parte dos dados era o Dr. Spina, que foi candidato e Vereador
pelo PMDB, e que na época era Consultor Jurídico do PDT e nunca tiveram, da
minha parte ou de qualquer Secretário do Dr. Villela ou do Dr. Dib qualquer
cerceamento à sua liberdade de agir e à sua liberdade de discutir. Sou grato.
O SR. PRESIDENTE (Adroaldo
Corrêa): O
Ver. Dilamar Machado transpõe o tempo com o Ver. Cyro Martini, que está com a
palavra.
O SR. CYRO MARTINI: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, venho a esta tribuna para tratar de um assunto que julgo de real
importância. O Partido Democrático Trabalhista, todos sabemos, prioriza a
criança e o jovem, e o faz de modo acertado porque
temos que colocar destaque, temos que colocar base nas gerações novas de modo a
dar substância, força, vigor, para o futuro. Faz bem e a partir daí o PDT
institui CIEPs,
CIEMs, Casa da Criança e uma série de outras iniciativas, buscando sempre
mostrar que tem uma doutrina, que é correta esta doutrina e que procura
comungar o seu discurso com a ação.
Mas nós não podemos esquecer, de outra parte, do idoso. Lembrar da criança
e do jovem é correto, mas esquecer do idoso não. Por isso, se houve bem o
legislador nacional, nos termos da atual Constituição, colocou com clareza a
sua intenção de fazer com que o Poder Público, assim como também a comunidade
procure respaldar, procure considerar, procure respeitar o idoso. A curto prazo
nós teríamos que buscar soluções para amparar especialmente aqueles idosos que
não dispõe dos recursos necessários para manter a si e não raro a sua própria
família. Nós sabemos que há muitas pensões minguadas, pensões incapazes sequer
de habilitar àquele que a recebe de lhe dar condições de vida a si próprio, a
si individualmente, muito menos, portanto, com relação àqueles que dele
dependem. De outra parte, nós sabemos que há muitos idosos com subsalários
vivendo mais da caridade, da boa vontade dos seus semelhantes que também não
têm condições plenas de atender as suas necessidades, quando também - não raro
-, não dispõem de nenhum recurso porque não têm emprego, porque não são
acolhidos nem pelo Poder Público.
Então nós teríamos de encontrar a curto prazo soluções para dar
condições condignas para o nosso idoso. Em termos de médio, em termos de longo
prazo, nós sabemos, ele teria que ter já no início de sua vida um salário que o
habilitasse a dispor das condições necessárias para um vida digna, uma vida
honrada, uma vida alicerçada numa justiça social que desse a ele condições para
o futuro, ou então, no momento, já depois de ter dado o seu esforço em favor do
seu semelhante, da sua comunidade e da sua pátria, dispor de uma pensão a
altura. Isso seria o recomendável, o justo, o moralmente defensável, todavia
nós sabemos que não é assim, que a sorte não tem sido das melhores para os
idosos, especialmente aqueles que pertencem, que estão residindo lá nas vilas
populares. Nós não podemos nos lembrar apenas dos problemas relativos a classe
média e a classe alta, nós temos que nos lembrar dos problemas que são mínimos
para nós; porém, grandes, difíceis, angustiantes, para eles, que dependem às
vezes de um prato de comida, de um pedaço de pão. Esta é uma realidade triste
que nós vemos a nossa volta. Aqueles que têm a oportunidade de percorrer Porto
Alegre, não pelas suas ruas asfaltadas, não pelas suas ruas pavimentadas, mas
de ir às vilas populares e têm oportunidade de ver o sofrimento, o padecimento
daquela gente, especialmente, dos idosos.
Por isso fiz uma Indicação, é uma modesta colaboração minha, no sentido
de chamar a atenção do Governo Federal para o problema do idoso, para os
problemas relativos a sua alimentação.
A minha Indicação sugere ao Governo Federal que estenda o programa do
Tíquete do Leite para o idoso necessitado. (Lê a justificativa da Indicação.)
O Sr. Luiz Machado: V. Exª permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Eu me sinto feliz de receber este elogio, porque é
praticamente um elogio ao Projeto do Governo Federal, do Programa Leite às
Crianças deste País. Partindo de um Vereador do PDT, defendendo o Programa
Leite às Crianças, geralmente muito criticado pelos parlamentares do PDT, para
mim, é um gesto de grandiosidade de V. Exª em também estender este Programa
para os idosos. Eu me congratulo com V. Exª.
O SR. CYRO MARTINI: Eu não defendo o Programa do
Leite, eu defendo conjunturalmente, porque o que nós temos que defender, obviamente,
é um salário que habilite o trabalhador a dar para a sua família as condições
mínimas para ele ter abrigo, comida, poder oferecer estudos. Isto em termos de
médio, longo prazo. Mas, em termos de curto prazo, não havendo outra solução,
evidentemente que nós temos que sugerir que estenda, também, ao idoso o
Programa relativo ao Vale-Leite. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio
Koutzii em Comunicação de Líder.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Ver. Dib, Ver. Ferri, Ver.
Luiz Machado, só me dirijo aos Vereadores dos outros partidos - o Vereador
Presidente é do PT -, no sentido de informar à Casa, e aos colegas, que a
Bancada do PT, que hoje está com uma média baixa, 5 sobre 9 - neste momento,
não vejo nenhum membro do PDT -, não vai mais segurar o “quorum” das reuniões
para sustentar a imagem desta Casa. Não tenho por que ficar trabalhando aqui
dentro, enquanto, por exemplo, o Ver. Isaac trabalha lá fora - ontem ele não
assistiu a exposição, mas, evidentemente, é um homem que não precisa se
informar de nada, porque já sabe tudo nesse terreno, como o Vereador Castan,
veio fez uma intervenção, deu o seu recado e foi embora.
O Sr. Luiz Machado: Concordo com V. Exª.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Muito obrigado. Então, esse
é um aviso que eu acho que interessa a todos os partidos. Não queremos
transformar a seriedade do nosso empenho nesta Casa num diploma de poucos e
trouxas. Em segundo lugar, reconheço, em nome da minha Bancada, uma série de
críticas duras que nos foram feitas e não tenho tempo, em cinco minutos, de
responder à Casa uma delas, portanto, vou-me limitar a tomar posição sobre
algumas questões: primeiro, a questão aventada pelo Ver. Zanella, no que se
refere a algum tipo de proposta ou Portaria da SMT, a qual tenta regulamentar
procissões, gincanas, corridas, etc., e a palavra passeata está no meio. Eu não
preciso consultar ninguém para dizer que isso é um erro nessa Portaria, ela não
é acolhida pela nossa Bancada. Todas as coisas que sejam para organizar o trânsito
- esse é o espírito da Portaria - estamos de acordo, menos uma: uma passeata de
ordem política pode ser feita a qualquer momento, pois essa é a nossa tradição,
vai continuar sendo e, portanto, essa é a nossa posição. Vamos discutir com a
Secretaria para que ela retifique esse aspecto.
Em segundo lugar, terceiro elemento, quanto à questão da Portaria do
Prefeito em relação aos funcionários, evidentemente polêmico no sentido que foi
apontado. Evidentemente ela não vai para esta demagogia desenfreada - estou um
pouco surpreendido -, que desenvolveu o Ver. Elói Guimarães. Não estava falando
do direito de reunião. Um homem com a sua formação deve saber distinguir
direito de reunião em geral previsto pela Constituição e uma Portaria que se
refere às reuniões em horário de trabalho. Pelo menos esta distinção, por isso
eu uso a palavra demagogia. E neste sentido eu acho que a Portaria, digo eu
acho, porque tomei conhecimento dela aqui, não explicita melhor alguns
elementos, mas eu sei que ela é uma reação a um fenômeno normal, mas que tomou
um sentido político que eu quero ressaltar. Como os técnico- científicos, muito
justamente, estão lutando contra a posição da Prefeitura que demanda a
inconstitucionalidade, e discutimos com eles, eu, inclusive, Ver. Dib estava
lá, Ver. Ferri, quando discutiram com o Vice-Prefeito na ocasião, se
transformou o questionamento legítimo, o encaminhamento da luta numa espécie de
avacalhação geral. Eu, pessoalmente, que ando bem ocupado, testemunhei quatro
ou cinco situações onde mais de duzentos ou quatrocentos técnicos estavam
reunidos na hora do trabalho para fazer o seu lobby - tudo bem. Mas o que a
Prefeitura tratou de prevenir - e eu não defendo o texto, eu defendo a intenção
- é estabelecer algum grau de norma para que a justa reivindicação, organização
e espaços de intervenção dos técnico-científicos deste Município não se
transforme numa desmoralização do serviço. E para quem tem um pouco de
experiência política sabe que esta é uma questão importante sem a qual nós,
evidentemente, passaríamos a produzir menos resultados ainda que a ausência de
recursos financeiros nos dá. E, por último, eu só vou enunciar, e acho que a
Mesa vai ser condescendente comigo, dado até o fato heróico de os outros
Vereadores terem permanecido aqui, frente ao abandono reiterado do Plenário, eu
gostaria de firmar ainda duas referência, uma eu fico devendo ao meu colega...
O SR. LUIZ MACHADO: Face ao pronunciamento do
nobre Ver. Flávio Koutzii, Líder da Bancada do PT, eu quero colocar que eu não
falo em nome da Bancada do PMDB. Estou solidário com o nobre Vereador na
tribuna, no que tange ao Plenário, na sua manifestação. E quero que fique
registrado nos Anais, e estou junto nesta caminhada para nós termos um Plenário
decisivo, forte nas suas decisões, mas com todas as Bancadas representadas
aqui. Esta é a minha proposta.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa entende o sentido da
manifestação, mas não acolhe como uma Questão de Ordem.
O SR. FLÁVIO KOUTZII: Então, queria dizer ao Ver.
João Dib que fico devendo uma intervenção especial, dedicada com entusiasmo,
calor e respeito à sua avaliação sobre a questão, inclusive pelo debate de
hoje, pela manhã, e a sua participação e as conclusões que me parecem tiram o
exame dos dados que estamos fazendo, quero dizer, pois, acho uma questão de
lealdade da forma como sempre tratamos todas as questões. Tenho uma grande
objeção a fazer e farei no momento decisivo.
E, por fim, iria lembrar ao Ver. Isaac Ainhorn que a sua idoneidade não
é apenas um tema legislativo, não estamos discutindo a idoneidade de ninguém,
estamos discutindo uma questão: a que e para que são os gestos que a cada um de
nós faz na política. Isto é uma leitura que se faz da ação; e o que dissemos
dele e do Ver. Castan é que, sim, eles estão puxando uma espécie de contra-revolução
nos transportes que claramente beneficia o interesse dos empresários. Não é
idoneidade, é uma outra questão muito grave, é o que eles representam
politicamente. Muito obrigado.
O SR. PRESIDENTE: Nada mais havendo a tratar,
declaro encerrados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às 16h04min.)
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